Após a transformação da educação em mercadoria, tornou-se cada vez mais atribulada a maneira como se procuram brechas para lutar a favor do direito ao acesso a qualidade estudantil. Nos anos anteriores, foi possível detectar diversas ameaças na área educacional, tendo em base os cortes direcionados aos serviços públicos e a diminuição drástica da qualidade da acessibilidade ao que é de direito do cidadão, não só brasileiro, mas universal.
A implantação do novo ensino médio sem a pesquisa aos professores e profissionais da área da educação é uma prova inconfundível com relação aos insensatos movimentos de impedimento da evolução da qualidade e acesso ao conhecimento. Ao mudar drasticamente as raízes pedagógicas, tem-se um desfalque no ensino e o desmotivo para uma influência positiva, criando um efeito dominó, que leva a desistência dos estudantes e até mesmo dos próprios profissionais da área. Quando se implanta uma mudança sem a consulta aos atingidos, os maiores impactos são percebidos a longo prazo, momento este que se apresentará desfalcado e fissurado, na qual as lacunas são mais complicadas de se preencher.
Nosso grupo científico-estudantil teve como objetivo a criação de uma ponte entre o conhecimento e o direito daquilo que se tem como universal e gratuito dentro das raízes de um brasileiro: a acessibilidade ao SUS, o conhecimento de suas formas de ação na sociedade e a grande ânsia que sua ausência e falta de acesso podem causar na vida de quem o utiliza. Ao tratar-se de infecções sexualmente transmissíveis, o preconceito ainda é longo e corpulento, fato este que pode confundir o indivíduo que deseja saber de sua procedência com o indivíduo que está adoecido. O pré-conceito existente nessa área ainda é um grande desafio para a luta do reconhecimento e da excelência de seus serviços, sendo assim o primeiro tópico a ser demasiadamente discutido nessa pesquisa de campo. O conhecimento, aqui, se mostra como uma arma fundamental para erradicar a hostilidade com que se trata a área da saúde.
Mantendo em foco a disciplina da educação básica nomeada de Práticas Comunicativas, notou-se que a disciplina incrementada no Novo Ensino Médio sequer possuía uma ementa que pudesse orientar, de fato, os professores que lecionariam nas escolas. Esse desfalque e ausência de comprometimento com a implementação sem fundamento implicou na evolução de professores confusos, que não tinham ao certo um norte para seguir e que, em diversos momentos, sentiram-se desmotivados nas escolhas realizadas por eles em seu âmbito educacional. Desse modo, a criação de um material e uma ementa que pudesse ser seguida fora vista como uma válvula de escape para os colegas de profissão, que estão todos na mesma posição de lutadores a favor de uma educação justa e acessível.
O CONHECIMENTO SOBRE AS IST’s
Conhecer a acessibilidade ao SUS e os direitos básicos que permeiam essa criação são os pilares necessários para que as consequências de sua ausência sejam notadas. Após o estudo crítico e prático sobre as leis que interpelam e rodeiam o Sistema Único de Saúde, o conhecimento sobre infecções íntimas e causadas por momentos de relação sexual são de demasiada importância e grandeza para o cidadão, seja ele trabalhador, estudante, pesquisador e detentor de seus direitos perante a lei.
Após a grande pandemia de COVID-19 que lastimou um grande pedaço da população global, o conhecimento sobre a saúde tomou proporções que implicaram em ações mais diretas dos sistemas de saúde. A população, em determinado momento, mostrou-se apavorada diante de um inimigo invisível, que a atingia de formas silenciosas e dilacerava aqueles com a saúde mais debilitada. Mantendo essa afirmação ativa, é possível realizar uma ponte comparativa entre a evolução SARS COV 19 e determinadas doenças transmitidas por relações sexuais, doenças que maltratam o corpo de dentro para fora, e causam danos inestimáveis à saúde. Portanto, a conclusão é clara: o cuidado e o investimento no conhecimento com relação aos danos irreversíveis e consequências na saúde é de legitimidade e direito necessário ao cidadão que está diariamente em contato com elas.
Nos estudos práticos, foram desenvolvidas aulas e planos estudantis que tinham como foco principal o estudo das infecções, suas características, seu meio de transmissão e o veículo gênero-textual que as empresas de saúde utilizavam como principal método de disseminação de informação. Folhetos, panfletos, banners de postos de saúde e folhetins foram usufruídos como principal material midiático para que a população tivesse acesso a formas de se manter antenada às infecções. Portanto, foram investidas aulas não somente sobre as doenças em si, mas também nas características dos gêneros textuais em questão e o que se era utilizado como conteúdo de atração para o público alvo. Dessa forma, os estudantes atingidos pela nova formatação do ensino médio puderam visualizar de maneira mais lúdica como a produção dessas campanhas publicitárias afetam diretamente no conhecimento do cidadão.
Assim, é possível encontrar com riqueza neste trabalho a produção de aulas que visam não só as doenças em si, mas também como a área de linguagens está presente no espalhamento de informação sobre algo que é de direito do cidadão.