Línguas Estrangeiras

BREVE RESUMO DO PROJETO

O projeto  Reclusões sociais a partir de representações estereotipadas das línguas inglesa, francesa e alemã faz parte do programa Residência Pedagógica da Universidade Federal de Minas Gerais, cujo subgrupo línguas estrangeiras teve como objetivo propor a reflexão acerca do contato com línguas estrangeiras, a idealização de seus falantes e como tal processo que envolve o aprendizado, ao ser estereotipado pode levar a reclusões sociais, impedindo um progresso individual e cultural de cada falante. Foi desenvolvido pelos alunos Ana Clara Lordeiro, Ana Luísa Viana, Carlos E. Jardim, Kelly Carvalhaes, Larissa Helen, Anna Flávia S. Martins e Taynara Zanandreis,recebidos pela professora Osmara Portilho na Escola Estadual Ari da Franca, possibilitando um grande acervo das línguas trabalhadas em sala, tendo representantes dos seguintes idiomas:  Inglês, Francês e Alemão.

Devido a esta grande variedade de línguas trabalhadas no projeto, notamos um ponto em comum entre as áreas de atuação, sendo os estereótipos e preconceitos repercutidos culturalmente a respeito de nossa própria língua, a partir disso temos a imagem que os demais países constroem de nós e consequentemente o que nós iremos construir a respeito das línguas estrangeiras. Temos como foco do trabalho a aproximação direta dos estudantes da rede pública com métodos e ações que podem amenizar tais reclusões sociais, como por exemplo conhecendo não apenas linguística e gramaticalmente um estrangeiro, mas socialmente através do gênero textual entrevista, ao qual serão apresentadas perguntas desenvolvidas em discussão dentro de sala de aula para apresentação e resposta direta com nativos.

Temos como objetivo ao final da aplicação do projeto uma melhor construção do pensamento crítico, uma capacitação de como se portar em situações de contato com culturas estrangeiras e um processo de autonomia ao questionar e verificar informações de maneira consciente e capacitada, revelando a importante ligação que a língua tem com a cultura de um país e como isso pode revelar um impacto negativo quando ignorado de forma a abrir espaço para práticas desfavoráveis durante o aprendizado de novas línguas.

DESENVOLVENDO O PROJETO

Devido a situação pandêmica e isolamento social ocorrido durante a atuação do projeto, se fez necessário uma adaptação aos contextos de ensino impostos pelos poderes governamentais e sanitários. Tendo como centro de atuação o ensino remoto emergencial (ERE) aplicadas tanto em âmbito escolar e universitário. o desenvolvimento e aplicação do projeto ocorreu totalmente de maneira remota, tendo variações entre atividades síncronas, por meio de encontros em sites de reuniões online, quanto atividades assíncronas, trazendo uma autonomia no estudo e construção de material dos alunos.  

Para isso contamos com o apoio e orientação durante a elaboração do projeto das professoras Osmara Portilho e Daiane Patrícia às quais agradecemos imensamente a disponibilidade e comprometimento em nos auxiliar com tudo o que foi preciso, sanando dúvidas e contextualizando toda a rotina do ensino remoto. Infelizmente a professora Daiane precisou sair do programa Residência Pedagógica, com isto nossa aplicação do projeto se destinou apenas à escola Ari da Franca, local onde a professora Osmara leciona. Ao longo da criação do projeto ambas se disponibilizaram em grupos de Whatsapp e reuniões online para esclarecer dúvidas, dar sugestões, contextualizações sobre o ensino remoto, abriu espaços nas aulas síncronas da escola para nos ambientarem, apresentarem e dos quais fizemos até mesmo relatórios. Quanto ao projeto, Osmara esteve presente nas aulas incentivando os alunos a participarem conosco e fazendo interferências sempre que necessário, pelo carisma e dedicação ao nosso projeto agradecemos sua contribuição.

O projeto foi estruturado para aplicação em 4 aulas, atendendo a demanda da escola parceira com o qual trabalhamos em conjunto, com um desdobramento em 8 etapas, sendo elas 4 presenciais e 4 de maneira assíncrona. Iremos aqui relatar de maneira breve os pontos principais de aplicação do projeto em sala de aula.

1º ETAPA

  • Apresentamos a ideia central que seriam os estereótipos gerados em relação a línguas estrangeiras e seus falantes com o vídeo Emily in Paris e Friends, a todo momento abríamos espaço para que os alunos externalizassem o que sabiam do assunto e dessa forma mediamos discussões sobre por que isso acontece, as consequências para quem está em processo de aprendizado de novas línguas e a partir de memes em imagens e vídeos, de autores conhecidos por muitos em redes sociais como Lea Maria, Gustavo Tubarão e o casal Zach e Katarina, questionamos se concordavam com o que fora mostrado e se de fato os falantes nativos de determinadas línguas podiam ser representados de forma generalizada. 
  • Ao notarmos que alguns alunos já tiveram contato com outras línguas como a portuguesa e italiana, usamos como referência suas experiências para exemplificar a diversidade linguística que existe bem como ressaltar a importância em respeitar e contribuir para esses contatos. Vale ressaltar os cuidados necessários que tivemos como evitar que durante as conversas de desconstrução de estereótipos o responsável por guiar a aula não imponha suas próprias estereotipações, confiando no material provocador esta responsabilidade.
  • Após o primeiro debate, criamos aqui uma ponte para a auto reflexão e como caímos nessa armadilha de preconceitos e imagens distorcidas, dando oportunidade aos alunos de manifestarem neste momento da aula suas auto análises. 
  • Ao terminar as discussões sobre o tema, propomos que cada um, em sua autonomia buscasse na internet outros memes que pudessem representar o que aprenderam no nosso encontro síncrono, esta atividade assíncrona será relembrada na próxima aula e então poderemos usar também como forma de avaliação a disposição que eles tiveram em prolongar um tema tão necessário. 

2° ETAPA

  • Considerando o tempo de 1 ou duas semanas entre as aulas síncronas começamos por relembrar um pouco sobre os estereótipos e logo em seguida passamos um pequeno vídeo de um adolescente brasileiro que estuda nos EUA e faz uma entrevista com diversos colegas sobre o que conhecem e pensam a respeito do Brasil. Como já imaginávamos os alunos se sentiram um pouco indignados com a previsibilidade dos estereótipos que criam a respeito de nós no exterior e como fazemos quando há um estrangeiro em nossa comunidade, quase sempre o tratamos como diferente e criamos piadas ao invés de nos solidarizarmos com sua aprendizagem. 
  • Depois de mediar as discussões calorosas sobre o vídeo abrimos espaço para fazer um quiz online sobre o gênero entrevista, a todo momento uma coisa leva a outra, isso nos facilita entrar em diversos conteúdos importantes para o projeto sem que os alunos fiquem confusos quanto ao que estão vendo. As respostas para o quiz no geral foram positivas, podemos considerar que eles possuíam alguns conhecimentos prévios através do que vêm em televisões e redes sociais. 
  • Esclarecemos que o gênero entrevista é uma forma de incitar nas pessoas o hábito de pesquisar e perguntar algo sem presumir ou pressupor, isso abre espaço para os convívios sociais que contribuem para a inserção do estrangeiro em uma nova comunidade de falantes e a quebra de estereótipos e preconceitos moldados com base no que ouvimos falar. 
  • Ao final da aula pedimos que formulassem perguntas em português mesmo sobre o que acham coerente saber de um estrangeiro com base no que vimos até agora nos materiais disponibilizados,  nos surpreendemos ao ver perguntas de cunho político, cultural e social, que poderiam com certeza contribuir para desvincular os conceitos que pré moldamos e que generalizam de pessoas que apesar de sua nacionalidade possuem sua individualidade. 

3° ETAPA 

  • Contextualizamos os alunos quanto às perguntas feitas no formulário do google e o começo do trabalho com o gênero entrevista, pensando em continuar com este foco mostramos um pequeno vídeo “73 questions with vogue” que entrevistou a cantora Lizzo, além da parte gramatical que foi mostrada logo após nos slides, o mediador levou os alunos a entenderem a seleção das perguntas feitas, como a cantora possui um impacto social com todos os seus trabalhos, sendo uma mulher fora dos padrões de estética, negra e que usa a música para mostrar essa realidade diversa, para então concluirmos com os alunos que uma entrevista tem que ser um trabalho conjunto entre língua e cultura. 
  • Usando novamente as perguntas feitas em português na aula anterior propomos refletirem quais eles acham serem essenciais para uma entrevista com um estrangeiro e a melhor maneira de usar uma gramática a fim de facilitar tal comunicação. Depois das discussões eles foram divididos em grupos através do formulário do google e receberam a atividade assíncrona, deveriam fazer um vídeo ou gravar um áudio em que eles faziam perguntas em outras línguas, poderiam ser inglês, francês e alemão, no entanto deveriam saber que para a próxima aula síncrona receberiam uma estrangeira de língua inglesa já que é a matéria que estudam na escola e conduzir com nosso auxílio tal entrevista. 

4° ETAPA 

  • Iniciamos a aula dando as boas vindas à convidada Caroline que de bom grado se disponibilizou para contribuir não somente com essa experiência enriquecedora, mas com nossa formação no programa também. Antes da entrevista começar colocamos os vídeos e áudios produzidos pelos grupos, nos surpreendemos com a proatividade dos alunos em seus materiais e dos conteúdos das perguntas, Lucas um dos alunos se dispôs a procurar com amigos uma ajuda para perguntas em alemão e francês, mesmo que seu contato com tais línguas tenha sido pouco. Demos um feedback positivo já que estávamos avaliando justamente o contato com o gênero entrevista, a disposição dos alunos para com uma forma justa de diálogo e que pode contribuir com a quebra de estereótipos. 
  • Logo após a conversa a respeito dos vídeos e áudios, demos início à entrevista com uma pequena apresentação da convidada Caroline, ela não somente contou um pouco a respeito de si como se mostrou ao longo da entrevista extremamente paciente e comunicativa. De início os alunos estavam um pouco tímidos, mas ao verem que não havia o que temer se soltaram para as tentativas. Sabemos que mesmo em anos de contato e aprendizado com uma outra língua, dificilmente nos tornaremos fluentes a ponto de podermos ser vistos como nativos, contudo esta nunca foi a real intenção daqueles que aprendem outra língua, por isso as tentativas, erros e acertos não devem ser mais ou menos exaltados, não devemos a partir disso criar formas de inibir a comunicação com as pessoas, mas ao contrário, entender que essa comunicação fará eternamente parte de um convívio social e cultural e que temos de respeitar a diversidade. 
  • Encerramos a entrevista e o projeto agradecendo a participação de todos, ao final ficou evidente para nós que os alunos estavam de fato contribuindo para o desenvolvimento do conteúdo escolhido. 

Atualizado pela última vez em 11 de janeiro de 2022.

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